segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

margarida

                                       BEM-ME-QUER
                                       MAL-ME-QUE
                                       BEM-ME-QU
                                       MAL-ME-Q
                                       BEM-ME-
                                       MAL-ME
                                       BEM-M
                                       MAL-
                                       BEM
                                       MA
                                       B

poesia

pois é

a poesia
ia a pé

a poesia
pisa o pó

a poesia
passa

a poesia
é isso 

e

isso
é

(e

s
ó)


céu

o céu fica
mais longe
do que se
pensa

todo ele
tem o azul
como
recompensa

o horizonte
faz o céu
chegar
mais perto

o dia é mais
bonito
quando o céu
está aberto

daqui
se pode tocar
com a ponta
do dedo

de manhã
o céu
acorda bem
cedo

quando
o dia todo
não tem
o que fazer

o azul

do céu
demora a
escurecer

indizer

o in
visível
é o
que
se vê
pela
retina
do
imagi
nário


clique no poema


domingo, 30 de janeiro de 2011

quem que

quem quer nascer que venha
quem quer viver que esteja
quem não quiser que saia
só quem te quer te beija
se esfriar que esquente
se esquentar que aguente
quem quer dançar que tente
quem se cansar que cante
quem se calar que fale
quem se casar que cale
e que seja para sempre
quem separar que vaze
quem quer descer que suba
quem não subir que caia
que não quiser ser pego
tem que fugir da raia
quem se danar que nade
quem se quer bem-me-quer
se esse amor invade
quem por acaso quer
só por um caso qualquer
e quem tem cem quer mil
quem se perdeu sumiu
quem se afogar que folgue
e quem partiu que volte
quem se lançar que apanhe
e quem jogar que ganhe
se tem querer que queira
quem se sentou na beira
foi quem marcou bobeira
quem se jogou na esteira
quer só falar besteira
quem se deixou levar
levou uma vida inteira

sábado, 29 de janeiro de 2011

valsa amarela

repare
naquela cor
aquela que o mar
manchou
então esqueça
e peça que a dor
desapareça
e o frio nesse calor
te aqueça
como naquela cor
o amarelo
não se desvaneça
porque tudo é flor
e a flor
é a rocha
e a rosa
é a flor
que desabrocha
na sua cabeça

umbigo

                        um umbigo é o que trago comigo
                           umbigo é o amigo mais antigo 
um umbigo é comum
                      como um
                                          umbigo é
                                 um

haikais

lá na rua
a luz do poste inventa
uma nova lua


...

vivo no afã
de saber o que a noite
faz toda manhã



...


nessa penumbra
apenas o pirilampo
se deslumbra



...


aquática lousa:
o sorriso da lua
na poça pousa



...



a essa hora
faz um sol aqui dentro -
chove lá fora

...

o instante
é o ínfimo momento
tão perto-distante



...


depois da algazarra
silêncio é o som que sai
da cigarra

...



flores de verão
a primavera gozou
noutra estação


...


já se faz manhã -
a noite passou veloz
no salto da rã



...


pela fresta
o luar atravessa
sua luz fatiada



...


sob a blusa
a mão leve do vento
usa e abusa



...

noite feliz -
a lua risca no céu
seu sorriso de giz



...


águas de verão -
a chuva era feliz
os meus olhos não



...



das palavras 
o resumo: lambê-las 
até tirar-lhes o sumo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

casa

cada coisa tem sua casa
cada casa tem seu lugar
cada lugar com sua casa
casa é coisa de morar
 
cada casa com janela
cada uma pra se olhar
cada porta se sai por ela
casa pra quem se casar
 
cada casa guarda coisas
casa é coisa de se alugar
cada botão tem uma casa
casaco pra se abotoar
 
copa cozinha varanda
casa pode ter um andar
caracol é casa que anda
caminhando devagar
 
cada um tem sua casa
com seu canto de deitar
cada casa e seus ocasos
cada casa é um lar

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

sol

o sol
todo dia
solto
sob o
toldo
do céu
sobre
tudo
que é seu
o sol
se solta
fogoso
e alumia:
de dia
dá meia-volta
de tarde
dá meio-dia
de noite
dá uma revolta
fecha os olhos
então
e se volta
bola
vermelha
pro japão

quando!

um passo
a mais
porque
ando

e assim
tudo em
mim fica
andando

tudo o 
que andei
já é
quando

para?

para
quem 
quer
viver
pára
quedas
para
quê?

in!

invisível
até transver
indelével
até desaparecer
invencível
até padecer
indizível
até descrever
indivisível
até resolver
inteligível
até desaprender
intraduzível
até entender
inflamável
até derreter
indissolúvel
até dissolver
imóvel
até se mover
inodoro
até feder
invólucro
até remover
inflável
até desencher
introvertido
até inverter
inventar
até outra
vez ser
indivíduo
até morrer

sus

clique no poema

brisarb

clique no poema

ouro

o
co
bre
e o
no
bre
ou
ro
do
sol
que
me
co
bre
o
cou
ro

go now

clique no poema

astrostra

clique no poema

catavento

clique no poema

boca

boca de fome boca do homem boca aberta boca fechada
boca é desejo se beijada boca é séria boca é riso boca é miséria
boca é aviso boca mingua boca xinga mastiga e morde a língua
boca busca alimento boca degusta sofrimento boca nossa
de cada dia boca à beça que denuncia boca baba boca beija
abre toda quando boceja boca farta boca falta boca fala
em voz alta boca cala se voz lhe falta boca anda pelas bocas
e fala pelos cotovelos boca aberta é uma brecha boca é túmulo
quando fecha boca mexe boca entorta abre e fecha como porta
da boca salta a dentadura à boca falta uma fechadura boca grita
e silencia tem cor e forma de melancia boca é oca se falta dente
o dente dói e incomoda a gente boca encanta quando canta
boca inspira boca expira boca é dieta boca é gula diz coisa
bela e chula boca é saliva e mucosa boca tem gengiva rosa
boca de adulto acerta e erra quando criança a boca berra
boca dormindo ronca boca discutindo é bronca boca se não
tem o que falar fica calada mosca não entra em boca fechada

cinemar


onde
a única cena
romântica
é um beijo
vejo tudo
em mímica:
quando este
ósculo
é de um
molusco
rítmico
abrindo
sua valva
úmida
para beijar
sua ostra
tímida

(entre
um beijo
e outro
sua pedra
cintila)

palavra vento


pra falar
a palavra
vento
o primeiro
movimento
é soprar
 
ou no entanto
nesse intento
fale vento
até ventar
 
por exemplo:
diga 3 vezes
vento
e faça
o verbo
balançar
 
e assim então
a palavra voa
tão leve
que nem
soa
 
só de vendaval
ecoa

domingo, 23 de janeiro de 2011

palavra

a pá
lavra
do
chão
a
palavra
terra

vidraça

chove lá fora
como se fosse
aqui dentro
um tempo
de outrora

na sala
a chuva
não molha

quem olha
pela vidraça
do lado de
dentro
embaça
o olho
de quem
olha molhado
de fora

o tempo passa
e não mora
essa chuva
agora
não cessa

a essa hora
a vida quieta
sem pressa
demora

corportorporcor

CORPORTORPORCOR
ORPORTORPORCORC
RPORTORPORCORCO
PORTORPORCORCOR
ORTORPORCORCORP
RTORPORCORCORPO
TORPORCORCORPOR
ORPORCORCORPORT
RPORCORCORPORTO
PORCORCORPORTOR
ORCORCORPORTORP
RCORCORPORTORPO
CORCORPORTORPOR
ORCORPORTORPORC
RCORPORTORPORCO
CORPORTORPORCOR

descreverso



d
es
esc
escr
escre
escrev
escreve
escrever
escrevers
escreverso
descreverso
escreverso
screverso
creverso
reverso
everso
verso
erso
rso
so
o